A coisa mais comum do mundo é a gente se desentender com uma amiga, na adolescência. E tanta briga tem até certa razão de ser. Afinal, é nessa fase que estamos mudando rapidamente os nossos gostos da infância para descobrir o que, de fato, nos faz felizes agora. “No processo de amadurecimento, ficamos diferentes. Então, pode ser que aquela sua amiga que tinha tudo a ver, de repente, se torne uma pessoa diferente e aí pode acontecer um afastamento lento e natural”, explica o psicólogo Armando Colognese Junior, do Instituto Sedes Sapientiae.
Agora, quando no meio dessa confusão ainda rola uma mancada feia, uma traição ou coisa do tipo, a história complica. Isabella Faião, de 18 anos, viveu com a BFF um lance de novela. “Éramos amigas desde a creche e, num belo dia, a garota resolveu ficar com o garoto de quem eu estava a fim. Ela sabia que eu gostava do menino, mas não resistiu”, lembra. A amiga (da onça?) ligou para a Isa no dia seguinte, logo cedo, para contar e se desculpar. “Foi horrível para nós duas. E aquilo me pegou tão de surpresa que eu não sabia o que dizer, precisava de um tempo para pensar. Só voltamos a conversar depois”, conta. A tática usada pela Isa está mais do que certa. “Se estiver muito magoada ou com raiva, é melhor nem conversar, porque a probabilidade de se criar um conflito maior é grande. Além disso, pensar sobre o que aconteceu pode ser bom. Você pode tentar entender o que fez o outro agir como agiu, tentar se colocar no lugar dele.
Mas, depois de um tempo, é bom colocar seus pensamentos à prova, dar a chance de o outro se defender, mostrando a versão que ele tem dos fatos. Ficar só fantasiando sobre o que rolou não resolve”, avisa o psicólogo Antonio Sergio Marques. É claro que o exemplo da Isa é punk. Mas existem situações em que, só de tentar enxergar o fato por outro ângulo, a gente já percebe que pode e deve perdoar. “Em muitos casos, interpretamos mal o que a outra disse ou idealizamos demais a amiga, achando que ela sempre vai estar de acordo com a gente. Então, basta que ela não aja do modo como esperamos e nos sentimos ofendidas. Mas esse é o tipo de situação em que a reflexão tem de ser nossa, se eu coloquei expectativas demais nessa amizade ou se fiquei esperando que ela fizesse tudo só para me agradar”, explica Armando. Mas voltando à história da Isa: ela e a amiga conversaram depois. E adivinha? Se entenderam! “Eu fiquei chateada, mas tentei lembrar também de um monte de coisas boas que a gente já tinha vivido juntas e achei que ela merecia uma chance. Além do mais, eu percebi que ela ficou triste de verdade, que tinha se arrependido e que estava sendo sincera comigo”, conta.
Mas, depois de um tempo, é bom colocar seus pensamentos à prova, dar a chance de o outro se defender, mostrando a versão que ele tem dos fatos. Ficar só fantasiando sobre o que rolou não resolve”, avisa o psicólogo Antonio Sergio Marques. É claro que o exemplo da Isa é punk. Mas existem situações em que, só de tentar enxergar o fato por outro ângulo, a gente já percebe que pode e deve perdoar. “Em muitos casos, interpretamos mal o que a outra disse ou idealizamos demais a amiga, achando que ela sempre vai estar de acordo com a gente. Então, basta que ela não aja do modo como esperamos e nos sentimos ofendidas. Mas esse é o tipo de situação em que a reflexão tem de ser nossa, se eu coloquei expectativas demais nessa amizade ou se fiquei esperando que ela fizesse tudo só para me agradar”, explica Armando. Mas voltando à história da Isa: ela e a amiga conversaram depois. E adivinha? Se entenderam! “Eu fiquei chateada, mas tentei lembrar também de um monte de coisas boas que a gente já tinha vivido juntas e achei que ela merecia uma chance. Além do mais, eu percebi que ela ficou triste de verdade, que tinha se arrependido e que estava sendo sincera comigo”, conta.
Mais uma vez a Isa acertou em cheio! Ela reavaliou a vivência toda com a amiga, em vez de considerar só aquela falha isolada. “O perdão verdadeiro só acontece quando reconhecemos que a outra pessoa errou, mas também quando acreditamos que ela pode se superar. É como perceber que a amiga continua sendo uma boa pessoa e que as qualidades que ela tem valem mais do que os defeitos”, diz Armando.
E o mais surpreendente de tudo: a Isa garante que, depois desse perrengue por causa do pretê, a amizade das duas se fortaleceu. “Hoje somos muito mais amigas. E ela já me ajudou milhares de vezes quando eu precisei, ficou do meu lado, mesmo. Então, eu sei que tomei a decisão certa ao dar uma segunda chance a ela”, diz.
Uma D.R. básica é sempre o primeiro passo para se tentar salvar a amizade. Foi o que fez Ana Paula Mancebo, de 15 anos. “Do nada, minha melhor amiga começou a andar com outra menina e se afastou. Eu sofri muito e ficamos quase um ano sem nos falar. Um dia, resolvi ligar e conversar com ela. E aí ficou tudo bem. Hoje, a amizade não é mais a mesma, mas a gente se fala de vez em quando e não sinto mais tristeza. Foi como tirar um peso das minhas costas”, conta. Apesar de achar que ela é quem estava com a razão, Ana passou por cima do seu próprio orgulho e resolveu as coisas. E não é que ela ainda achou bom? Prova de que o perdão beneficia também quem perdoa. No fim, saem os dois muito mais aliviados. Aí, chegamos a outra questão: como começar uma conversa dessas? Quem responde é o psicólogo Armando: “O jeito é dizer : ‘acho que precisamos conversar sobre o que rolou, eu não quero ficar com isso atravessado na minha garganta. Precisamos entender o que aconteceu, para descobrir se podemos conviver apesar disso’”. Se você não explicar o que não curtiu na atitude da garota, pode ter certeza de que vai abrir uma brecha para que ela aja da mesma forma depois. Se a ideia é recomeçar sem mágoas, é preciso estar aberta para entender o que aconteceu. Isso significa que, se chegar para a conversa certa de que está com a razão, pode ser que ela não dê em nada. Melhor que isso é dizer o que sentiu, mas ter também paciência para escutar a amiga contar como foi a experiência para ela. Esse é o tipo de conversa que vai fazê-las amadurecer.
"Aprender a ser amiga é aprender a ser tolerante."
Armando Colognese Junior, psicólogo
Armando Colognese Junior, psicólogo
Para Mariana Torres, de 16 anos, isso faz muito sentido. Ela brigou feio com uma BFF quando a garota resolveu começar a namorar e se distanciou completamente. "Depois de um ano e meio, quando eles terminaram, ela me ligou e conversamos”, lembra. Após um tempo, a amiga da Mari resolveu voltar com o tal garoto. Mas agora as duas já estão numa boa de novo. “Acho que aprendemos a conviver bem, mesmo estando em momentos completamente diferentes”, conta.
Um papo sincero é tudo
Numa conversa sincera, pode acontecer de você e sua amiga perceberem que já não rola mais tanta afinidade. Ainda assim, o papo terá valido a pena, porque ele acaba com aquela sensação de que algo ficou pendente, de que perdemos uma amiga porque não demos a ela a chance de saber o quanto nos ofendeu e nem de se explicar. O perdão é sempre bom e nos faz bem, ainda que a pessoa que estamos perdoando tenha feito algo terrível. “Todo mundo merece uma segunda chance. No entanto, cada pessoa conhece os seus limites. Se for para voltar a amizade e continuar criando conflitos pelo que passou, é melhor dar um tempo”, diz Armando.
Quando a amizade não resiste
E se foi você quem errou?
Aqui, valem exatamente as mesmas dicas: chamar para conversar e colocar o seu ponto de vista, tentar explicar o que a fez agir daquela maneira. Porém, como você já chegou à conclusão de que está errada, deixe bem claro que não está tentando justificar sua falha e mostre que se arrependeu de verdade. Agora, se a amiga se aproveitar da situação para humilhá-la, saiba que você pode e deve se defender. “Diga à garota que você entende que errou e que imagina o quanto ela está magoada com a sua atitude. Mas não aceite que ela queira punir você por não ser perfeita. Porque isso ninguém merece”, avisa o psicólogo Armando. Nesses casos, o tal do tempo pode ser também um santo remédio. Então, se a amiga não estiver conseguindo perdoar naquela hora, respeite e tente de novo mais tarde. “Mesmo se ela disser que nunca mais quer falar com você, fique na sua e deixe a poeira baixar. O importante é mostrar que está a fim de conversar, que ela pode procurá-la se mudar de ideia. Então, você terá pelo menos feito a sua parte”, diz o psicólogo.
Atrevida
Aqui, valem exatamente as mesmas dicas: chamar para conversar e colocar o seu ponto de vista, tentar explicar o que a fez agir daquela maneira. Porém, como você já chegou à conclusão de que está errada, deixe bem claro que não está tentando justificar sua falha e mostre que se arrependeu de verdade. Agora, se a amiga se aproveitar da situação para humilhá-la, saiba que você pode e deve se defender. “Diga à garota que você entende que errou e que imagina o quanto ela está magoada com a sua atitude. Mas não aceite que ela queira punir você por não ser perfeita. Porque isso ninguém merece”, avisa o psicólogo Armando. Nesses casos, o tal do tempo pode ser também um santo remédio. Então, se a amiga não estiver conseguindo perdoar naquela hora, respeite e tente de novo mais tarde. “Mesmo se ela disser que nunca mais quer falar com você, fique na sua e deixe a poeira baixar. O importante é mostrar que está a fim de conversar, que ela pode procurá-la se mudar de ideia. Então, você terá pelo menos feito a sua parte”, diz o psicólogo.
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